E se tentarmos?

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

Ele há coisas muito engraçadas...

Realmente, cada vez mais penso que é urgente uma mudança na nossa sociedade, a todos os níveis. Hoje, um amigo meu foi ao banco levantar uns pouquinhos euros que lá tinha depositado faz umas duas semanas. Mas bem, vou começar a história pelo princípio.

Há duas semanas atrás, o meu amigo foi ao BES depositar 100 euritos. Juntamente com uns 7 euros que lá tinha, e segundo a minha fraca matemática, deveria perfazer 107 euros. Este dinheiro era para pagar o seguro do carro (o seguro foi feito no BES). No balcão aceitaram o depósito, sabendo de antemão para o que se destinava. Infelizmente, parece que se esqueceram de informar o meu incauto amigo que ao contrário de todas as outras vezes (em que o pagamento foi feito por débito em conta), desta vez, devido a um atraso no pagamento (apesar do atraso, ainda estava a tempo de pagar, como lhe foi informado no balcão), o pagamento teria de ser feito via cheque ou vale de correio.

Porreiro da vida, e acreditando ter a sua situação regularizada, o meu amigo descansou-se em relação a este assunto.

Qual não é o seu espanto quando, duas semanas mais tarde, recebe uma carta do BES a informar que, por falta de pagamento, o seu seguro automóvel havia sido cancelado (resolvido, segundo a gíria bancária). O meu amigo foi logo ao balcão para lhe explicarem o sucedido, e só então soube da obrigatoriedade do pagamento via cheque. Logo aí, adorou não ter sido informado, como se depreende, mas ainda ficou mais satisfeito com o que viria a seguir: ao pedir para levantar os seus 107 euros, entregaram-lhe pouco mais de 70 euros. O motivo? Simples! 8 euros de pagamento por levantar no balcão mais 22 por gestão de conta (gestão esta tão bem feita que nem sequer o informaram que não podia depositar o dinheiro do seguro). Heeellooooo!! Até as mentes menos iluminadas conseguem somar 22 com 8. É fácil de ver onde está o resto do dinheiro, não entendo o espanto do meu amigo...

Enfim, mais um cliente bem servido!

Não basta os bancos ganharem dinheiro por nos fazerem empréstimos (o que para mim é justo, visto que se emprestam têm de ganhar com isso) e ganharem dinheiro por utilizarem o dinheiro que lá depositamos para negócios próprios (o que também é justo, visto que se o guardam, têm de ganhar com isso); não, ainda temos de lhes pagar por gestões (mal feitas, diaga-se) de contas, por anulamentos de conta (quando é para abrir é só facilidades) e por mantermos contas a zero – é que os bancos são como eu, odeiam pobres!

Mas também uma coisa é certa: apesar de tudo, temos de nos calar e redermo-nos ao sistema, pois se não utilizarmos os bancos, por exemplo, nunca poderemos comprar casa. Assim, vamos engolindo uns sapos... não deixa de ter uma pontinha de ironia.

Outra boa relativa a bancos aconteceu-me a mim à 2 anos, quando comprei o meu azarado e mal-fadado jipe (quem me conhece sabe do que estou a falar). Na assinatura do contrato, fui informado de que estava a decorrer uma promoção, e que quem fizesse o crédito pelo BPI tinha direito a um ano de sócio do ACP grátis. No final desse ano seria contactado via carta para ser questionado se queria continuar a ser sócio ou não. Assim, aceitei a promoção, e para ser sócio do ACP bastou-me preencher um impresso bastante simples, em que me pediam os dados do costume: nome, morada, telemóvel e número de BI. Até aí tudo bem.

Deixou de estar tudo bem quando passado o tal ano, recebi a dita correspondência do ACP e li o seu conteúdo. Não só ninguém me perguntava se eu queria ou não continuar a ser sócio, como ainda dizia que já me tinham debitado da conta (que nem sequer é BPI!) o dinheiro referente à anuídade do ano que se seguia. Foi divertido saber que os meus dados bancários saltitam alegremente de empresa em empresa, sem eu sequer ser informado. Mais giro ainda foi ter de andar a gastar dinheiro em telefonemas e faxes para poder ser ressarcido do dinheiro que não tinha autorizado que me fosse debitado.

E é este o dia-a-dia da classe-média tuga!