E se tentarmos?

segunda-feira, 7 de março de 2005

A Fé

– vem do latim fide, cuja tradução é confiança. Significa crença ou convicção em alguém ou alguma coisa.

Nos dias que correm, e na nossa sociedade, fé é um termo indissociável da religião cristã. No entanto, para mim, é algo que transcende a religião cristã, transcende todas as religiões, arrisco mesmo dizer que é o que nos distingue para melhor dos outros animais, dos irracionais. Explico desde já o porquê de dizer “distingue para melhor”: é que o facto de sermos dotados de racionalidade também nos distingue dos animais irracionais, é mesmo “o” que nos distingue desses seres ditos inferiores. No entanto, essa racionalidade não nos dá real valor acrescentado para a vida no aprazível Planeta Terra, por alguns motivos que me parecem claros: primeiramente, utilizámos e utilizamos essa racionalidade, confundindo-a com inteligência ou saber fazer científico, na destruição do(s) ecossistema(s) do globo, criando poluição que aos poucos e poucos vai deteriorando e corrompendo a qualidade de vida intrínseca à Terra. Em segundo lugar, utilizamos os nossos conhecimentos de engenharia e física para criar pequenos mundos fechados, casas onde vivemos como o mais isolado dos animais selvagens. Em terceiro lugar, e mais importante de tudo, ao abraçarmos a racionalidade abdicámos de algo tão útil como o instinto. Basta atentar no que aconteceu na Ásia, aquando do mortal tsunami de 26 de Dezembro: os elefantes “sentiram” a chegada de algo mortífero, e instintivamente fugiram para a segurança das zonas mais altas. Já o Homem, com toda a sua racionalidade, o máximo que conseguiu “sentir” foi curiosidade, o que levou as pessoas a querem ver o mar que se tinha afastado em muitos metros deixando o fundo a descoberto. Nestes casos, de que nos serve a racionalidade?! Não estaríamos melhor servidos com o instinto?

Ainda assim, temos outra arma que não devemos negligenciar: a fé. A fé move montanhas, diz o lugar-comum. E num sentido metafórico, é verdade, pois consegue mover montanhas de problemas de cima de nós, pelo simples facto de “acreditarmos”. E em que é que acreditamos? Os cristãos acreditam em Deus, os islamicos em Maomé, os budistas em Buda... depois há os que acreditam nas “energias” da natureza, os que acreditam em “si próprios”, os que acreditam na ajuda dos outros... mas a base é igual para todos: acreditar. Não há nada mais forte do que acreditarmos, termos fé, especialmente quando dela necessitamos. Seja por desejarmos muito algo, e aí lembramo-nos de que temos fé em algo, apelando a esse algo, seja para superarmos um problema, e apelamos a esse algo para que nos dê força e nos ilumine, ou seja quando tudo o resto falha, como por exemplo quando perdemos um ente querido, e aí a nossa dor é tão grande que, ao necessitarmos de nos “zangar” com alguém (ou com algo), descobrimos que a melhor forma de nos revoltarmos é gritar bem alto dentro de nós “deixei de acreditar!”, e com isso o que é que revelamos? Que não poderiamos deixar de acreditar em algo que insconcientemente não acreditássemos já...

Que quis eu dizer com toda esta lenga-lenga? Nem sei, talvez seja apenas um simples desabafo, uma chamada de atenção, um lembrete... não posso afirmar com certeza. Apenas posso afirmar que devemos, nas alturas em que estamos fracos, ou débeis, ou abalados, ou perdidos sem uma estrela que nos guie, continuar a acreditar. Não importa em quê, cada um saberá o que mais conforto lhe transmite, mas acreditar, em si, por si e para si.

1 Comments:

  • Olá...
    Apesar de ter escrito isso a muito tempo, só agora que estou lendo, e gostei muito do " desebafo". Parabens...

    By Anonymous Anónimo, at 26 de janeiro de 2009 às 15:05  

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