E se tentarmos?

domingo, 14 de dezembro de 2008

O sentido do Natal


“Celebramos o Natal, sem comemorar o nascimento Daquele que Se ofereceu integralmente em prol da nossa reconciliação com Deus. Ou seja, fazemos uma homenagem, ignorando o Homenageado. Retirámos o verdadeiro sentido à festa natalícia.”

por Ana Ramalho, em Novas de Alegria (edição de Dezembro de 2008)

No dicionário on-line da Priberam, se fizermos uma pesquisa por Natal, descobrimos que, com maiúscula, enquanto substantivo masculino, esta palavra significa
dia ou época em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo. E no entanto, hoje em dia, quase que parece que este significado está errado, e que foi substituído por “dia ou época em que se comemora o capitalismo, o endividamento, o gasto excessivo e desmedido”, para não entrar ainda noutras significações, tais como “dia ou época de demonstração do que não se sente, de falsas compaixões, e de superficiais preocupações com outrem”, ou ainda “dia ou época em que se comemora o aniversário do Pai Natal”. Porque ainda que concordando plenamente com a autora da frase acima colocada, atrevo-me a acrescentar que não só o Homenageado foi ignorado, como, mais que isso, foi substituído, substituído pela figura do Pai Natal. Basta atentar nos enfeites, nos papeis de embrulho, nas iluminações de Natal, nas montras, e ver quem foi elevado a rei desta festa...

Será por isto que cada vez mais pessoas dizem “não ligar” ao Natal (e coloquei entre aspas pois, afirmando não ligar se directamente indagadas, a verdade é que também essas pessoas participam das festividades, dos presentes, de tudo aquilo que nos dias de hoje ilustra os natais no seio das famílias), por esta falta de sentido, de significação, por este eliminar dos valores que o fundamentam? E ao eliminar os valores que o sustentam, realmente o que resta? Para além das prendas (quem não gosta?!), para além do marketing, para além das iluminações, retirando o verdadeiro significado ao Natal (“dia ou época em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo”), realmente, restará alguma coisa? Retirando o nosso Salvador da equação, fará o Natal sentido de todo? E o que é uma equação? Ainda segundo o mesmo dicionário, é “reduzir uma questão emaranhada a pontos simples e claros, à semelhança dos matemáticos, para mais facilmente lhe achar solução”. Então, reduzindo esta questão emaranhada a pontos simples e claros, facilmente se acha a solução: o Natal só faz sentido se for efectivamente a comemoração do “nascimento Daquele que Se ofereceu integralmente em prol da nossa reconciliação com Deus”. E se tentarmos incluí-Lo de novo no Natal?