E se tentarmos?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Inferiores... ou superiores?!


Hoje está uma verdadeira noite de tempestade! O mar, na Ericeira, revoltadíssimo. Vento muito forte, chuva intensa… Fiz o caminho até casa em verdadeiro sobressalto, a cada rajada de vento o carro abanava, a visibilidade reduzida, um ou outro sinal de trânsito derrubado, árvores tão sacudidas que ameaçavam dar a mesma sorte a alguns dos seus ramos…

Pelo caminho cruzei-me com um carro dos bombeiros e outro da Protecção Civil numa berma, aqueles homens na rua, ao sabor da intempérie, certamente a tentarem minimizar quaisquer danos provocados pelo mau tempo. Apenas os vislumbrei de relance, pois a pressa de chegar a casa e me recolher em conforto e segurança, lado a lado com o aconchego do aquecedor, era mais que muita.

E no entanto aqueles homens lá ficaram, a trabalhar por todos nós. Um amigo meu costuma dizer “tem de haver gente para tudo”, e é verdade, no entanto deve ser tão duro…

Imediatamente antes tinha visto dois carros avariados, e pensei que certamente alguém teria de os ir desempanar. Também os mecânicos e condutores de reboques têm de se sujeitar a trabalhar em tão más condições.

Quase a chegar a casa lembrei-me dos funcionários da Câmara que recolhem o lixo. Parece uma pergunta infantil, mas de facto ocorreu-me: terão de fazer a recolha debaixo de tão forte tempestade? Parece-me quase desumano, mas, por outro lado, não creio que lhes seja dada folga por motivos “meteorológicos” …

Há profissões que habitualmente são consideradas de inferiores, menosprezadas pela sociedade, e no entanto, seríamos todos capazes de as levar a cabo dia após dia? Eu, por mim, dou graças a Deus pelo meu trabalhinho, com muitos defeitos, é certo, mas abrigado, com horário dito normal, sem esforço físico, uma verdadeira bênção na minha vida! Pois tenho a certeza que não conseguiria, diariamente, exercer uma profissão ou tarefa como as que acima descrevi. Que Deus abençoe todos os que por necessidade, imposição, acaso ou mesmo opção desempenham essas tão importantes actividades.

1 Comments:

  • Bro,
    A Necessidade, Mãe de todas as motivações, será (digo eu) a principal fonte de energia para essa gente que tem esses trabalhos. Duvido que alguém diga, Quando for grande quero ser cantoneiro, mas cantoneiros não faltam.
    E mais: o desnível profissional passa pelo que falas, mas também pelos ordenados: que ordenado terá um homem do lixo, um mecânico, um portageiro? E por outra: que ordenado tem um deputado?
    Ao mesmo tempo, outra coisa: estar sujeito a estas injustiças profissionais não faz de um trabalhador injustiçado alguém superior a alguém. Nem o contrário (isto já fui eu que falei) será forçosamente verdade, isto é, um deputado não será "inferior" a um polícia. Mas, enfim, nem tudo serão circunstâncias.
    Cheers!

    By Blogger André Campos, at 3 de fevereiro de 2009 às 12:16  

Enviar um comentário

<< Home