E se tentarmos?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

A minha humilde opinião sobre um tema que não domino

Confesso que não percebo muito de política. E cada vez menos me interesso por perceber. Olhando para as notícias de hoje e das últimas semanas, vê-se que nem os políticos estão interessados na política, apenas estão interessados nos “poleiros”. Acredito que desde o 25 de Abril muitos tenham estado nessa situação, mas nunca como hoje foram tão assumidos. Se antes as pessoas diziam que os políticos prometem e não cumprem, hoje já não podem dizer isso. Hoje em dia não cumprem, porque já nem prometem! Mas isso é de andarem tão ocupados com ofensas e conversas de comadres.

Uma coisa interessante é o facto de apenas o PCP ter apresentado o seu programa. O CDS-PP apresentou os "galos" que gananciosamente querem subir ao "poleiro", tendo já um amigo para cada pasta (e não ponho em causa a competência de inúmeros deles – aliás, até tenho de admitir que o CDS-PP, enquanto partido de coligação no Governo, superou as expectativas de muito boa gente, ao se afastar das confusões e ao manter uma postura sóbria, responsável e decidida), sem no entanto mostrar em que cada um deles pode contribuir para o aumento do nosso bem-estar. Enquanto estes ainda vão mostrando algum trabalho (e num país bi-partidário, apenas no campo das hipóteses um dos partidos acima citados poderia chegar a Governo sozinho), o PS e o PSD perdem-se em disparates: ofendem-se directamente (o relaxado após o Bom-Bom Morais Sarmento a dizer que o Sócrates é vazio e é só marketing político – como se houvesse muitos actualmente a serem mais que isso!); enganam-se no que dizem (o Santana com os seus distraídos informadores a darem-lhe dicas erradas e ele a afundar-se mais ainda); depois não aceitam os pedidos de desculpas (mimados e ridículos); são os “acabados” que não param de dar palpites...

Enfim, uma série de situações que nada fazem pela política senão retirar-lhe todo o interesse. Por exemplo, qual dos políticos é que referiu um dado importantíssimo das sondagens que consiste em 80% dos inquiridos achar que os partidos são todos iguais? Isto sim para mim era útil de explorar, pois daqui sim se podem retirar ilações. Daqui e dos números de abstenção (lembram-se dos mais de 60%?). O que quer dizer que aqueles estarolas andam a dar o mau aspecto e passar a imagem estúpida que passam para uns poucos. Se calhar se se tornassem sérios, realmente preocupados com o trabalho que podem desenvolver em vez de se preocuparem com que amigo hão-de pôr em determinado cargo, talvez aí sim as pessoas se interessassem pela política, e talvez aí sim votassem activamente, e talvez aí sim tivessemos um Governo eleito pelos portugueses e não por uns portugueses.

E já agora uma sugestão: porque não perderem a mania dos demagogismos e dos floreados nos discursos, e falarem a sério sobre os temas importantes? Por exemplo, o défice. Este ano, com o “tira daqui e põe ali”, ficou nos 2,8%. Já desde os tempos do Guterres, e até antes, que vamos tendo algum défice. Eu vejo pelo meu caso: posso ter algum dinheiro de parte, mas ao ter todos os meses um défice nas minhas contas, vou acabar por chegar a um ponto em que se acabam as reservas, e a estabilidade aparente que fui criando, estala. Ora, num país não deve ser muito diferente. A manter as coisas como estão (que é todos os anos termos de recorrer a malabarismos para conter o défice), quanto tempo temos mais até ir tudo por água abaixo? E o que sucede nessa altura? Mais endividamento? Alguém me explique...