E se tentarmos?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

O "Eterno Retorno"

Já Nietzsche falava num «eterno retorno». No entanto, não devia ser levado tão à letra...

A 2ª Grande Guerra acabou em 1945, o que quer dizer que se comemora este ano o 60º aniversário do seu fim. Será que os ensinamentos retirados desse monstruoso conflito já foram esquecidos?

Na época, Hitler aproveitou-se de um eleitorado descontente, com problemas graves de desemprego e qualidade de vida, para chegar ao poder, alegando que os males da sociedade eram causados pelos «piolhos» e «vermes», expressões que mais tarde substituíu por Judeus.

Hoje, Governos europeus utilizam os mesmos argumentos escondidos por detrás de uma retórica cheia de floreados e politicamente correcta para atingir da mesma forma o eleitorado. Os exemplos mais marcantes são o da Áustria e da Suíça.

Na Áustria, o Partido da Liberdade, que é de extrema-direita, é já o 2º maior partido político, tendo obtido nas últimas eleições 27% dos votos, apenas atrás dos social-democratas. Como? Na Áustria, 8% da população é já composta por estrangeiros, imigração esta que foi potenciada com as crises armadas e económicas dos países do leste Europeu (nomeadamente nos Balcãs). Assim, o jovem (para político – 49 anos) e telegénico líder do Partido da Liberdade, Joerg Haider, conseguiu sensibilizar mais de 25% do eleitorado com os seus discursos anti-imigração, bem como com o seu nacionalismo patente na sua opinião de que a globalização «destrói características nacionais austríacas e tira soberania do país, deixando-o nas mãos dos burocratas de Bruxelas».

Na Suíça, o SVP (o partido suíço de extrema-direita) atingiu 20% dos votos, mais 5% que em 1995, o que é um crescimento assinalável.

Se estes são os casos mais evidentes, outros existem: no estado de Saxônia-Anhalt, que fica em solo da ex-Alemanha Oriental, a União do Povo Alemão (DVU) conseguiu 13% dos votos, o que corresponde ao melhor resultado eleitoral da extrema-direita alemã desde a 2ª Grande Guerra. Também na Itália, Bélgica e França, os defensores do nacionalismo e xenófobia vão ganhando terreno.

Para citar o exemplo da França, o presidente do partido francês de extrema-direita Frente Nacional, que mais não é que o polémico Le Pen, voltou a fazer das suas ao afirmar que a ocupação nazi em França «não foi particularmente desumana». Vai mais longe ao afirmar que «se houve excessos, foram inevitáveis num país com 550 mil quilómetros quadrados». Le Pen acredita que «se os alemães tivessem multiplicado as execuções em massa em todos os países que ocuparam, os campos de concentração para deportados políticos não teriam sido necessários». De uma leitura em bruto das suas palavras, poderiamos depreender que os nazis até fizeram um favor aos que mandaram para os campos de concentração, pois cada um que para lá foi enviado representou menos um que foi morto imediatamente. O pior é que se a extrema-direita começa a ganhar território no continente Europeu, isto significa que cada vez mais pessoas começam a pensar desta forma.

Até em Portugal, um país com umas vincadas raízes de emigração, já se começa a criticar ferozmente os imigrantes de leste e brasileiros, sendo que há pessoas que acreditam que «deviam era ir todos para a terra deles» – quantas vezes não ouvimos nós esta expressão...

Já para não falar na política externa dos EUA, definindo uns países como o "Eixo do Mal" (transmitindo a imagem de que todos os habitantes desses países são violentos e frios terroristas) e proibindo os mexicanos e cubanos de passarem as suas fronteiras. (Aqui, abro um parentesis para expressar a minha opinião acerca das limitações à migração de pessoas: o que é que nós, espécie humana, somos? Apesar de dotados de inteligência, de capazes de pensar, falar, sentir, entre outras coisas que nos caracterizam, somos apenas mais uma espécie animal que habita o planeta Terra. Somos, no fundo, uma grande sucessão de acasos, que nos deram origem. Assim, não somos os donos do planeta, como tal, não o devíamos usar e abusar em nosso proveito próprio. Ao não sermos os donos, gera-se uma questão: com que direito estabelecemos fronteiras em algo que não nos pertence? A minha justificação, dada pela minha visão pessoal das coisas, e como tal a valer o valor que se decidirem dar, é que as fronteiras foram criadas pelos piores conquistadores. Por exemplo: ao desembarcarem no território da América do Norte, os conquistadores europeus depararam-se com os indígenas que já lá habitavam. O que aconteceu depois, é do conhecimento de todos: os indígenas foram mortos, os que não morreram colocados em reservas tal qual animais selvagens. E depois? Depois os conquistadores apressaram-se a colocar por escrito que aquela terra lhes pertencia e a delinearem as fronteiras, por forma a estarem salvaguardados dos que lhes pretendessem fazer o que eles haviam feito aos locais. Cá em Portugal passou-se o mesmo: D.Afonso Henriques, entre confusões e correrias, recebeu de oferta dos espanhóis um condado. Ao ficar com aquele pedaço de terra, que passou a ser seu, não se contentou – e para aqui não interessam os motivos – e começou a conquistar os territórios a sul. Foram eregidos, não apenas no seu reinado evidentemente, castelos e fortificações, com a “nobre” tarefa de proteger os territórios portugueses dos invasores. Invasores estes que a invadirem-nos, apenas nos estariam a fazer aquilo que antes haviamos feito a outros. E assim, sucessivamente, em todo mundo, os conquistadores derrotavam os povos mais pacíficos ou mais fracos, e logo de seguida estabeleciam fronteiras para oferecerem alguma resistência a quem lhes quisesse fazer o que eles já tinham feito anteriormente. Hoje em dia são vistos como heróis, mas no fundo, na sua maioria seriam apenas brutos sanguinários que derrotaram povos possivelmente mais avançados cultural e espiritualmente, apenas porque estes não orientaram o seu saber para a guerra. Toda esta lenga lenga para dizer que na minha opinião as fronteiras são más, pois antigamente, quando o ser humano era nómada, deslocava-se para os locais onde a vida era mais favorável. Hoje, mesmo os seres humanos que estão em locais onde a vida não lhes é possível (seja por secas, escassez de alimentos, catástrofes naturais, guerras, ou outros quaisquer motivos), estão presos por fronteiras que não são fisícas, que apenas existem no papel, por decisão de homens que não se mostram receptivos a alterações nesta condição.).

Toda esta minha dissertação teve origem nos devaneios de um jovem, inconsciente como tantos outros, mas com responsabilidades incomparávelmente superiores às da maioria: o Prícipe Harry. Numa festa de máscaras, achou por bem se mascarar de oficial nazi, o que para além de uma escolha de um extremo mau gosto, suscitou duras criticas por parte de oficiais das forças armadas britânicas, pois é suposto Harry tornar-se um oficial do exército britânico daqui a cinco meses. Doug Henderson, deputado trabalhista e antigo ministro das Forças Armadas, citado pela Sky News, afirma inclusivamente que "Se fosse outra pessoa, a candidatura já não era considerada. Deve ser retirada imediatamente”.

Fonte: Revista Morashá (Brasil)

Capa do jornal "The Sun"

2 Comments:

  • Ja tinha visto essa noticia (antes d a ler no teu blog) e lembro-m q na altura pensei: "mas q importante o q este estupidinho fez?"; naturalmente, sei exactamente o q importa, mas repito: pq s lh há-d dar importancia? a meu ver, n passa dum priveligiado "pq sim", dum parasita sem utilidade, entre outras coisas. n lh desejo mal, mas axo q o mundo seria mt melhor s menos pessoas na situaçao dele houvessem.
    Ah, e eu, no carnaval, vou fazer como ele.

    By Blogger André Campos, at 23 de janeiro de 2005 às 00:29  

  • necessario verificar:)

    By Anonymous Anónimo, at 20 de novembro de 2009 às 09:40  

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