E se tentarmos?

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Ou é de mim, ou qualquer coisa não bate mesmo certo...

A história, aparentemente, é simples: há um tipo, que os médicos dizem que é psicopata, que matou uns quantos, crianças inclusivé. Foi preso. Saiu em precária por três vezes. À terceira não voltou. As autoridades procuram-o, mas não só ainda não o apanharam, como só ao fim de alguns dias de buscas é que os militares da GNR tiveram acesso a uma fotografia actualizada do foragido. O Correio da Manhã entrevistou-o na edição de hoje.

As minhas dúvidas são:

1 - Se um indivíduo é considerado culpado em tribunal de um triplo homicídio, se ainda não cumpriu a sua pena, e se nem é visitado pela família (o próprio diz não ter família, pois a que lhe resta ignora-o pelo que ele fez), porque motivo tem direito a sair em precária pelo Natal? Onde o iria passar e com quem?

2 - Se o indivíduo em causa é considerado perigoso, e se saiu da cadeia em precária, porque motivo não foi passada a todas as autoridades competentes uma fotografia sua actualizada, para o caso de vir a ser necessária (como foi!)?


3 - Como é que autoridades teoricamente competentes não o encontram ao fim de uns dias, mas o Correio da Manhã o entrevista (evidentemente terão sido os jornalistas a entrar em contacto com ele, pois um foragido não andará por aí dar entrevistas armado em jet-set)?

4 - Partindo do princípio que a entrevista é verdadeira, não terão os jornalistas do Correio da Manhã a obrigação moral de o entregar à polícia? Ou será que o sigílo profissional não lhes permite? E se não permite, é com base em que princípio moral e/ou ético que se deixa um assassino a monte, tendo possibilidades de o entregar às autoridades e assim previnir a ocorrência de outros crimes (pois já lhe são imputados alguns assaltos à mão armada na zona de Vila de Rei e Abrantes)?


5 - Partindo do princípio contrário, que a entrevista é falsa, com que direito o Correio da Manhã semeia o medo entre as pessoas ao publicar uma entrevista de um assassino foragido das autoridades a admitir que é um monstro e que pode voltar a matar sem nenhum problema?

6 - Se a entrevista é verdadeira, que autoridades se encarregarão de levantar um processo ao jornal e jornalistas envolvidos no encobrimento de um criminoso?


7 - E se a entrevista é falsa, que autoridades se encarregarão de levantar um processo ao jornal e jornalistas envolvidos numa mentira desnecessária e que pode gerar pânico?

Para uma consulta da entrevista ao foragido, bem como de uma notícia acerca das buscas das autoridades, abaixo seguem os respectivos links:

http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=145971&idCanal=181

http://sic.sapo.pt/index.php?article=14126&visual=3&area_id=1