E se tentarmos?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

Como é que é?!

Assumo que não entendo...

Esta de que os monovolumes vão começar a pagar Classe 1 nas portagens precisa de ser esclarecida! Em primeiro lugar, é de realçar que alguns monovolumes já pagavam Classe 1, segundo ridículos critérios: pagavam a Classe mais baixa os que tivessem no máximo 1,10 m de altura medida a meio do eixo dianteiro. Esta situação criava algumas injustiças, que passo a expor:

- Exemplo nº1: um enorme Chrysler Grand Voyager, com os seus quase 5 metros de comprimento e 2 toneladas de peso, pagava apenas Classe 1, devido à sua frente afilada (design americano). Já um Renault Espace, mesmo na versão curta, devido à sua frente mais bojuda (estilo europeu oblige), apesar de 45cm mais curta e quase 400kgs mais leve que a concorrente Chrysler, já era tributada com a Classe 2;

- Exemplo nº2: os monovolumes da AutoEuropa, que tanto fizeram por uma zona carente da área metropolitana de Lisboa (através da criação de milhares de postos de trabalho), viram-se forçados a alterar as especificações técnicas dos veículos a vender em Portugal, por forma a poderem ser tributados com a Classe 1, alterações estas que passaram pelo rebaixamento da suspensão dianteira, com o consequente endurecimento das molas e assinaláveis perdas de conforto para os utilizadores. Assim, uns meros centímetros foram o suficiente para um abatimento na portagem (e no IA, mas isso é um tema que aprofundarei noutra ocasião). Outro exemplo destas ginásticas dos importadores pode ser constatada na Kia, que com o seu best-seller Carnival fez o mesmo - propõe a versão normal que paga Classe 2, e ao mesmo preço uma versão com suspensão frontal rebaixada e endurecida que denominou de Carnival One, numa directa alusão à Classe a pagar nas portagens;

- Exemplo nº3: em alguns todo-o-terreno comercializados em versões a gasolina e a gasóleo à uns poucos anos atrás, as versões a gasóleo, por terem turbo e intercoller (que é um sistema interno de arrefecimento, pois os turbos vêem o seu rendimento melhorado se admitirem ar frio em vez de ar quente - assim, o ar tinha de entrar directamente para o intercoller que o arrefecia e daí então seguia para o turbo; hoje em dia, todos os modelos a gasóleo usam este sistema) tinham de ter uma entrada de ar no capôt, pelo que já pagavam Classe 2 na portagem - devido apenas a um mero acrescento, sendo que o veículo em si era o mesmo. Os seus companheiros de gama movidos por gasolina mantinham-se como Classe 1.
Ora, por aqui se vê que injustiças advinham da aplicação de uma lei que generalizava o que não se pode generalizar.
Para piorar, as alterações propostas agora, apenas afectam os monovolumes, ficando os jipes de fora.
E agora vem a parte que não entendo mesmo: os monovolumes começarão a pagar Classe 1, sim senhor, mas desde que o meio de pagamento seja a Via Verde. Via Verde esta cuja activação custava 15euros e agora, não sei se por coincidência, aumentou para 50euros. Bolas! Bom aumento, de 333%, aproximadamente. A que se deverá esta obrigatoriedade?
Mas é assim... no nosso país os automóveis sempre pagaram uma parte da factura dos deslizes orçamentais dos vários (des)governos. Não só temos um Imposto Automóvel absurdo (criado para proteger uma marca portuguesa, a UMM, que por nunca se ter actualizado, acabou, tendo-nos deixado esta verdadeira maldição), como pagamos imposto sobre imposto nos automóveis (o IVA é tributado após a aplicação do IA, o que é a todos os títulos inconstitucional), como continuamos a pagar pontes mais que pagas (sim, a Ponte 25 de Abril vai ver as suas portagens aumentadas novamente no início do ano), como estamos à mercê dos CHULOS das gasolineiras que agora se lembraram que, como ganham pouquinho, devem cobrar uma taxa nocturna (ganhem vergonha). A mim, que nutro uma paixão exacerbada pelo mundo automóvel, custa-me este tipo de situações.
Mas enfim, do país da Quinta dos Famosos, do Presidente da Republica mudo, do Primeiro Ministro boca de trapo, dos corruptos e dos pedófilos, mas também do orgulho dos melhores estádios, dos melhores centros comerciais, da Árvore de Natal mais alta da Europa, tudo se pode esperar...

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